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terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Capítulo 2: novembro, 1996

Ana foi um caso único para a genética desconhecida. Já nasceu infectada com o vírus do caos. O que não era física, genética e biologicamente possível pois nem sua mãe nem seu pai carregavam o vírus consigo. Com seis anos ela já entendia muito bem das coisas do mundo. Mas eram as coisas do seu mundo.
Saiu para brincar de construir casinhas com legos no pátio de casa e começou a observar as formigas.
-Que feio! Vocês deveriam conversar mais sabiam? Só trabalham, trabalham e trabalham. Trabalho demais causa cabelo desarrumado e café! Se bem que café não é uma coisa ruim... Mas cabelo desarrumado, caras formigas, eu não desejo nem para o meu pior inimigo!... Por favor me escutem, tento falar isso para minha mãe quase todos os dias mas ela não me dá ouvidos. Hunf, vocês preferem trabalhar né? Tudo bem. Eu respeito a decisão de vocês, só aconselho a não colocarem uma caneta atrás da orelha e nem comprarem uma calculadora!
Ana era bem realista -levando em conta a criativa realidade da sua cabeça infectada- e gostava de dar conselhos. Essa era uma das 8 coisas na qual ela mais gostava de fazer na vida! Que eram as seguintes:
1. Observar o movimento das nuvens;
2. Escutar música de olhos fechados;
3. Dançar de olhos fechados;
4. Observar as manias das pessoas;
5. Fazer cafuné;
6. Viajar pelo mundo paralelo do espaço inexplorado do universo;
7. Comer chocolate de olhos fechados;
8. Dar conselhos.
Já estava escurecendo quando sua mãe gritou para que entrasse. Ela se despediu das formigas, entrou, jantou e foi dormir.
Naquela noite, ela sonhou com um dia lindamente nublado e colorido findado com um trágico acidente de carro.

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